Toda vez que vou embora de um lugar que estou conhecendo bate certa angustia, um medo de não poder ver novamente, é um sentimento de saudade que nunca passa.
A vontade de conhecer o Uruguai era tão grande, que ao mesmo tempo existia o medo de me decepcionar e que a magia desaparecesse. Mas o que se faz quando depois de alguns dias, se sente pertencente a um local e um amor tão grande, quase impossível de explicar?
Onde a magia da Casa Pueblo lhe faz respirar a arte e se sentir agradecido de poder estar naquele lugar; onde o balanço das rodas sobre as dunas de Cabo Polônio se faz refletir como o mundo é belo e que o horizonte é um pressagio do futuro; onde o por do sol hipnotiza e rebate os sentimentos mais profundos; onde as pessoas passam com uma calma por sua vida, como as marolas do Rio da Plata; onde as refeições se transformam em verdadeiros rituais de contemplação da união de culturas; onde as ramblas se faz viver dentro de um romance dos mais belos; onde mistérios da história se escondem nas paredes de seus castillos; onde em uma Playa Brava surge Los Dedos renascendo para o amanhã; onde simplesmente observar o cultivo do fruto da bebida dos deuses pode ter efeitos arrebatadores na memória; onde o ritmo do candombe te faz aguçar os sentidos; onde o centenário te tira o folego com e arde a garganta pela ânsia pelo gol; onde a paixão por esse país faz um artista virar o mapa de ponta cabeça para mostrar que seu Uruguai é o mais importante; mas onde tem a alavanca que faça o tempo parar para reviver tudo isso?
Só sei que como Mijuca, “eu não sou pobre, eu sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo com apenas o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade” e que eu possa conhecer novos e reviver todos os momentos que se transformam em sonhos em minhas memórias.